A disputa pela Prefeitura de Novo Gama ilustra o fato de que, na política, um raio pode sim cair duas, três ou mais vezes no mesmo lugar. Na cidade do Entorno com 120 mil habitantes, o ex-vereador Jerton Sodré (hoje no MDB) apoiou a eleição, participou do governo e ajudou a derrubar dois prefeitos consecutivamente. Agora, ele quer provocar a derrocada política de mais um mandatário: Carlinhos do Mangão (PL). Mas, desta vez, cansado de se decepcionar com aliados, Jerton Sodré quer comandar o Executivo do município com as próprias mãos.
Pelo extinto partido PPL, Jerton Sodré se tornou o vereador mais votado da história de Novo Gama em 2012, recorde que detém até hoje. Naquele pleito, a população elegeu seu aliado como novo prefeito, Everaldo Detran, também do PPL. Entretanto, após as eleiçõees, a parceria durou pouco.
O vereador começou a notar indícios de irregularidades. Jerton Sodré se incomodou com o fato de que a imagem pessoal do prefeito Everaldo Vidal era associada através de slogan e fotos veiculadas em prédios públicos, automóveis, outdoors, boletos de cobranças de impostos e uma série de outros meios. A rixa entre ambos se tornou pública e culminou quando Jerton Sodré e o colega vereador Elias Conrado Santos (PSDB) denunciaram a situação formalmente ao Ministério Público de Goiás (MP-GO).
A oposição foi tão efetiva que em 2015 o prefeito (agora com o nome de urna Everaldo Vidal e no PP) desistiu de disputar. Também pesou contra ele denúncias de irregularidades na compra de materiais de limpeza. As denúncias eram sérias: em 2020, Everaldo foi condenado por uma série de outras irregularidades e corrupções.
Mas, antes da inelegibilidade, ainda em 2015, a desistência de Everaldo em disputar a reeleição foi atribuída ao trabalho de oposição dos vereadores. Quem ganhou foi Sônia Chaves (PSDB), que convidou Jerton Sodré para integrar seu secretariado como forma de agradecimento pelo enfraquecimento de seu adversário. Ele aceitou se tornar secretário municipal do Desporto e Lazer e desistiu de disputar um novo mandato na Câmara Municipal. Entretanto e novamente, a parceria durou pouco.
De forma semelhante à que aconteceu em 2012, em 2016 Jerton Sodré começou a se incomodar com indícios de irregularidades e abandonou o governo. Sônia Chaves foi gravada oferecendo obras de pavimentação asfáltica a moradores dos bairros Chácaras Araguaia e Minas Gerais, em troca de apoio eleitoral. Jerton Sodré engrossou o coro crítico à prefeita, que em 2021 se tornou inelegível por ter abusado de poder político e comprado votos nas eleições de 2020.
Antes da inelegibilidade, em 2020, as denúncias arranharam a imagem de Sônia Chaves, e quem se elegeu foi Carlinhos do Mangão (PL). Jerton Sodré não fez parte de seu governo porque, segundo ele, cansou de se decepcionar, e desde já planeja sua própria candidatura. Ele afirma ter evidências de que Carlinhos do Mangão também faz gastos absurdos e de que, no futuro, terá problemas com a Justiça. Jerton Sodré já tem a bênção do presidente do partido, Daniel Vilela, para lutar pelo cargo.
Via Jornal Opção